Citi faz lobbies pela venda da Copel
O Citi começou a cobrir a Copel com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 9,40 — refletindo em grande parte os ganhos potenciais com a privatização da estatal paranaense. O banco disse que este preço é a média entre o preço-justo de Copel estatal (R$ 8) e a Copel privatizada (R$ 10,7). A ação fechou ontem a R$ 7,70, depois de subir mais de 10% nos últimos dias com os avanços do processo de privatização. “Gostamos da assimetria do case já que o preço-justo do cenário estatal não é muito diferente de onde a ação está agora,” escreveu o analista Antonio Junqueira. Ele lembra que, historicamente, investir nas empresas controladas pelo estado do Paraná tem sido algo frustrante — incluindo a Copel. A companhia deu descontos de tarifas para seus clientes de distribuição e fez investimentos em iniciativas de baixo retorno. As coisas começaram a mudar em 2019 com a eleição do Governador Ratinho Júnior, que assumiu com uma agenda mais liberal. De lá para cá, a Copel cortou custos, distribuiu dividendos generosos, e foi muito mais eficiente na alocação de capital. “Uma forma interessante de analisar a força do que já foi feito é a quantidade de dividendos distribuídos. Entre 2019 e 2022 a Copel distribuiu R$ 7,2 bi em dividendos. Já o market cap médio da companhia entre 2015 e 2018 foi de R$ 7,8 bi,” escreveu o analista. Recentemente, a Assembleia Legislativa aprovou o plano do Governo de privatizar a companhia. “Esse é um trabalho em andamento, mas naturalmente é um aspecto-chave da história da ação.” Outro tema relevante ligado à privatização é a renovação das concessões de três hidrelétricas que a Copel opera. Como parte do processo, o governo ofereceu à Copel renovar as plantas por 30 anos, a partir da data da privatização, pelo valor de R$ 3,7 bilhões. Nas contas do Citi, a proposta de renovação assume um PPA (preço dos contratos de energia) médio de R$ 123/MWh, crescendo com a inflação. Se, hipoteticamente, o PPA médio ficar em R$ 150/MHw, o NPV (net present value) da renovação seria de R$ 1,6 bilhão. Se, por outro lado, o PPA médio for de R$ 100/MWh, o NPV seria negativo em R$ 1,1 bilhão. “Isso nos leva a conclusão de que a Copel privatizada estará muito mais exposta aos preços de energia do que a empresa atual,” escreveu Junqueira. “Ela terá mais energia livre em seu portfólio e terá pago um cheque de R$ 3,7 bi pela renovação.” Para o analista, o maior risco para a tese é justamente a variação dos preços de energia, que historicamente tem sido uma fonte de destruição de valor (quando comparada às expectativas) para as geradoras. Para se ter uma ideia, o cenário-base do Citi considera um preço-médio de R$ 150/MWh. Caso o preço fique em R$ 110, o preço-alvo da ação cairia para R$ 7,9 — a média de um preço-justo de R$ 8,7 para a Copel privatiza e R$ 7,1 para a Copel estatal.